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Transplante de Fígado

Fígado e luvas em cima de uma mesa

Imagem: Shutterstock

O transplante de fígado é um procedimento terapêutico que consiste na remoção cirúrgica do fígado doente de uma pessoa que, em seguida, é substituído por um órgão saudável de um doador. Este é o segundo tipo de transplante de órgão sólido mais realizado no Brasil, sendo muitas vezes a única opção de tratamento para indivíduos que apresentam falência hepática ou que são acometidos por doenças agressivas do fígado e que não podem ser combatidas de outra forma.

O procedimento de transplante de fígado pode ser realizado com o órgão de um paciente que acabou de falecer, em estado de morte encefálica, ou intervivos — quando um doador vivo cede parte de fígado para um paciente que está precisando. Em ambos os casos, é necessário verificar a compatibilidade entre o órgão doado e o receptor, para viabilizar a cirurgia.

Quem precisa de um transplante de fígado?

A maioria dos pacientes que recebe um fígado transplantado apresenta cirrose hepática, uma condição em que os tecidos normais do órgão são substituídos por tecidos cicatriciais não funcionais. A cirrose pode estar associada a várias causas, sendo que todas se caracterizam pela ocorrência de lesão prolongada ao fígado e processo irreversível de destruição do órgão, que deixa de funcionar adequadamente.

Algumas das principais condições que levam à cirrose, podendo resultar na necessidade de um transplante de fígado, são:

  • Hepatite viral crônica B e C;
  • Hepatite autoimune;
  • Uso abusivo de bebidas alcoólicas;
  • Distúrbios metabólicos;
  • Doença hepática gordurosa não alcoólica;
  • Uso excessivo de alguns medicamentos.

Outros motivos que podem levar à necessidade de substituir o fígado são alguns tipos de tumores que afetam o órgão, doenças que destroem os canais biliares e insuficiência hepática aguda.

Quem pode doar?

A maioria dos órgãos doados vem de pessoas que tiveram morte encefálica, caracterizada pela perda completa e irreversível das funções cerebrais. Em geral, esses são pacientes que sofreram algum tipo de dano cerebral grave, como traumatismo craniano ou acidente vascular cerebral (AVC). No Brasil, a doação de órgãos só pode ser realizada após autorização dos familiares.

Alguns transplantes de fígado podem ser realizados a partir de um doador vivo, desde que ele concorde com a doação e não tenha a saúde prejudicada por essa iniciativa. Neste caso, apenas uma parte do órgão é utilizada e as cirurgias do doador e receptor são programadas para acontecer simultaneamente.

Como é feito o transplante de fígado?

O transplante de fígado é um procedimento de alta complexidade, e consiste na remoção do órgão comprometido por meio de uma incisão no abdômen e sua substituição por um novo fígado. O órgão doado é, então, conectado aos vasos sanguíneos e canais biliares do paciente. A cirurgia dura cerca de 5 até 8 horas, e o paciente permanece em torno de 15 dias internado para que a recuperação seja acompanhada de perto.

Antes que o transplante em si seja realizado, ocorre a cirurgia de retirada (captação) do órgão doado. Assim que um potencial doador é identificado e as condições consideradas favoráveis, o receptor é contatado e recebe instruções para internação e preparação cirúrgica. Enquanto o paciente é preparado para o procedimento, outra equipe se encarrega de fazer a captação do fígado doado.

Preparação cirúrgica

Após ser avaliado por um médico especialista e considerado candidato ao procedimento de transplante de fígado, o paciente é inserido na lista de espera da Secretaria de Saúde do estado em que ele reside. O tempo de espera por um transplante de fígado é bastante variado, uma vez que o paciente é posicionado na lista de acordo com um índice que mede a gravidade do seu caso (índice MELD).

Ao longo do período de espera por um órgão compatível, o paciente é submetido a exames clínicos e laboratoriais, além de avaliações médicas para que tudo esteja devidamente encaminhado para o dia da cirurgia, descartando possíveis complicações ou contraindicações ao procedimento. É necessário fazer consultas regulares para acompanhamento das condições de saúde e reclassificação dentro da lista de espera.

Transplante hepático: pós-operatório

A recuperação pós-operatória de um paciente transplantado, assim como o tempo necessário de permanência na UTI e internação hospitalar, depende de suas condições clínicas. Após a alta hospitalar, que ocorre em aproximadamente 15 dias, é essencial que o paciente continue sendo acompanhado pela equipe do transplante com consultas regulares.

A rejeição nos transplantes de fígado não é tão intensa em comparação a outros órgãos. Apesar disso, ela pode ocorrer e levar a problemas graves. Outras complicações pós-cirúrgicas incluem mau funcionamento imediato do órgão, estreitamento dos canais biliares, infecção pós-operatória e outras situações associadas a cirurgias de grande porte.

Quem recebeu o transplante por causa de cirrose causada por hepatite viral também pode apresentar novas complicações pela doença após o transplante.

A importância da imunossupressão no pós-operatório

Uma das principais questões que envolve o período pós-operatório de um transplante consiste no fato de que o novo órgão é um corpo estranho no organismo. Isso significa que o sistema imunológico do paciente vai naturalmente combater o fígado transplantado, dando início a um processo que é chamado de rejeição.

Para evitar que esta resposta natural do organismo prejudique o sucesso da cirurgia e a aceitação do órgão, todos os pacientes transplantados precisam tomar medicamentos imunossupressores. Vale lembrar, entretanto, que o uso desses fármacos deixa o indivíduo mais suscetível a infecções. Por isso, é fundamental que os pacientes transplantados estejam especialmente atentos a este tipo de intercorrência.

Qual a sobrevida de uma pessoa transplantada?

Embora muitas pessoas acreditem que ser um paciente transplantado representa saúde frágil para o resto da vida, isso não é necessariamente verdade. Quem recebeu um fígado novo certamente precisará ser periodicamente acompanhado por um especialista, além de adotar cuidados específicos com sua alimentação, medicação e qualidade de vida. No entanto, há grandes chances de que o paciente poderá desfrutar de uma vida normal por muitos anos.

Especializado em cirurgias do aparelho digestivo, o Dr. Iron Pires aprofundou seus estudos no ramo das operações hepatobiliopancreática — que se dedica a tratar doenças que afetam o fígado, vias biliares e pâncreas. O profissional fez ainda residência adicional na área de transplante de fígado, posicionando-se como especialista neste tipo de procedimento. Para saber mais sobre o assunto, entre em contato e agende uma consulta.

Fontes:

Ministério da Saúde;

Hospital Sírio-Libanês;

EASL

AASLD