Fale conosco pelo WhatsApp

Colangiocarcinoma é hereditário?

Mulher segurando o desenho de um fígado - colangiocarcinoma é hereditario
04/03/2021

Muitos pacientes diagnosticados com a neoplasia questionam se o colangiocarcinoma é hereditário, de forma que fatores genéticos herdados dos progenitores possam explicar o surgimento da condição.

Não existe consenso da comunidade médica, mas sabe-se que apenas 30% dos casos de colangiocarcinoma são explicados por fatores de risco reconhecidos.

O colangiocarcinoma é um tumor maligno que acomete os ductos biliares que fazem a conexão entre fígado e vesícula biliar com o intestino delgado. É um tipo de tumor raro, correspondendo a 3% das neoplasias gastrointestinais.

A maioria dos colangiocarcinomas são encontrados em pessoas sem história familiar da doença, mas familiares de portadores da doença parecem ter risco um pouco aumentado de desenvolver a condição

O que causa Colangiocarcinoma?

A baixa frequência da doença traz dificuldades acerca de sua investigação. Ainda assim, diversos fatores de risco já foram identificados, sendo importante reconhecê-los para aumentar as chances de diagnóstico precoce da condição. Conheça alguns dos mais importantes a seguir.

Doenças do fígado ou de vias biliares

Algumas doenças que acometem o fígado e as vias biliares podem aumentar a chance de um indivíduo desenvolver colangiocarcinoma. Muitas delas acabam por causar uma inflamação crônica na via biliar, aumentando as chances de mutações genéticas que estão associadas ao desenvolvimento de câncer. Existem diferentes condições que se enquadram, como:

  • Cálculos biliares;
  • Infecção parasitária no fígado;
  • Colangite esclerosante primária;
  • Presença de patologias infecciosas como hepatite B ou C;
  • Cirrose;
  • Cistos da via biliar, entre outros.

Obesidade

A obesidade e o sedentarismo são fatores de risco que predispõem a ocorrência de diferentes patologias, incluindo o câncer das vias biliares.

O sobrepeso e obesidade têm relação com chances aumentadas de cálculos biliares e também de alterações hormonais, fatores esses que podem favorecer a ocorrência de alterações genéticas cancerígenas.

Apesar de que não estar claro como se estabelece essa relação, estudos indicam que a diabetes também pode ser um fator de risco para desenvolver colangiocarcinoma.

Alcoolismo

O consumo excessivo e frequente de bebidas alcoólicas também é um fator de risco para o desenvolvimento de tumor nas vias biliares devido aos efeitos nocivos ao fígado e chance aumentada de cirrose.

Idade

O colangiocarcinoma é mais frequente em pacientes mais idosos, sendo que a média de idade dos pacientes diagnosticados com a doença é de 70 anos. Ele também é mais frequente em homens, quando comparada com a incidência em mulheres.

Colangiocarcinoma é hereditário?

O desenvolvimento de um câncer pode ter influência hereditária. Algumas pessoas herdam mutações genéticas no DNA que os predispõem ao desenvolvimento de um tipo específico de tumor. Um exemplo comum disso é o câncer de mama, que em muitos casos pode ter um componente hereditário importante.

Isso não parece acontecer com o colangiocarcinoma. A maioria dos pacientes desenvolve ao longo da vida mutações que os leva ao desenvolvimento do tumor. As mutações não são herdadas dos pais neste caso.

Portanto, não se pode dizer que o colangiocarcinoma é um câncer hereditário.

A maioria dos pacientes que recebe o diagnóstico de colangiocarcinoma não têm história familiar da doença. Apesar disso, sabemos que familiares de pacientes portadores de colangiocarcinoma têm chance um pouco maior de também desenvolver a doença quando comparados à população geral. A explicação para isso ainda não é clara. Mesmo nesse grupo, o risco de desenvolvimento da doença ainda é baixo.

A melhor compreensão dos mecanismos genéticos envolvidos no surgimento do colangiocarcinoma é um passo importante no sentido de melhorar os resultados obtidos no tratamento da doença. Um dos possíveis benefícios seria a capacidade de identificar grupos populacionais de maior risco. Esses grupos poderiam se beneficiar da realização de exames de rastreio que possibilitassem o diagnóstico precoce da doença.

Além de colaborar com o diagnóstico precoce, acredita-se que pesquisas no campo da genética podem auxiliar na elaboração de testes que identifiquem melhor tumores mais agressivos e também possibilitem o desenvolvimento de novas drogas mais eficazes.

Fontes:

Cirurgião do Aparelho Digestivo – Dr. Iron Pires;

Cholangiocarcinoma Foundation;

American Cancer Society.