O hepatocarcinoma é o câncer primário do fígado mais comum, correspondendo a aproximadamente 90% dos tumores originados no próprio órgão. A sua incidência aumenta com o avançar da idade, atingindo um pico em torno dos 70 anos.
Também chamado de carcinoma hepatocelular (CHC), o número de casos do tumor tem uma distribuição global bastante irregular. É muito frequente no leste asiático (especialmente na China) e África subsaariana. Essas regiões concentram aproximadamente 85% dos casos de hepatocarcinoma em todo o mundo.
Ainda hoje observa-se um aumento na sua incidência na maioria dos países. É um tumor maligno agressivo e que tem alta complexidade de diagnóstico e tratamento.
Saiba mais sobre este câncer de fígado
As neoplasias malignas (câncer) do fígado podem ser divididas em primárias e secundárias no que diz respeito a sua origem. Os tumores primários são aqueles que se originam no próprio fígado. Existe mais de um tipo desses tumores.
As neoplasias secundárias têm origem em outros órgãos e em algum momento se disseminam e atingem o fígado. Neste caso, o local onde o câncer teve início é chamado de sítio primário, sendo exemplo cólon, pâncreas, estômago e pulmão.
O hepatocarcinoma destaca-se como o mais comum entre os tumores de fígado do tipo primário, correspondendo a até 90% dos diagnósticos.
Com aproximadamente 600 mil novos casos registrados a cada ano no mundo, o carcinoma hepatocelular ocorre com uma frequência maior em homens. A incidência da doença é maior nos locais onde há uma grande quantidade de casos de hepatite B, como em países da Ásia. No Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o hepatocarcinoma é responsável por causar 5 mil óbitos anuais.
O que causa câncer de fígado?
Aproximadamente 90% dos casos de hepatocarcinoma estão relacionados a um fator causal conhecido. Os principais são a presença de hepatite viral crônica (vírus B e C), alcoolismo, exposição a aflatoxina e esteatohepatite.
A hepatite B é a principal causa em alguns países da África e Ásia, chegando a ser responsável por 60% dos casos. No Ocidente, sua prevalência é menor e cerca de 20% dos casos são atribuídos à doença. Nestes países, a hepatite C é que aparece como causa mais importante. Tanto a hepatite B como a C podem levar a cirrose.
A cirrose hepática é importante fator de risco para o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular. Aproximadamente 50% dos pacientes com este câncer primário de fígado apresentam a doença. Trata-se de um problema grave, consequência da lesão prolongada do fígado por diferentes agentes, como o álcool e os vírus da hepatite B e C. Todas as formas de cirrose podem levar ao surgimento do hepatocarcinoma, mas o risco é maior nos portadores de hepatites virais.
A ingestão de aflatoxinas fúngicas também são fatores de risco significativos. As populações de países em desenvolvimento estão frequentemente expostas às aflatoxinas. A principal delas é a B1, que é produzida pelo fungo Aspergillus flavus e contamina grãos e cereais. A contaminação pode ocorrer em diferentes etapas, desde o plantio até o transporte do alimento.
O excesso de gordura corporal, que leva ao desenvolvimento de esteatohepatite, também pode ser apontado como causador para a doença. Em regiões endêmicas, a esquistossomose também é considerada um fator de risco para o desenvolvimento deste tipo de câncer.
Como prevenir?
A melhor forma de prevenir a maioria dos tipos de câncer consiste em evitar os fatores de risco associados. No caso específico dos tumores primário de fígado, portanto, a prevenção consiste em:
- Vacinação universal para o vírus da hepatite B;
- Evitar o contágio pelos vírus causadores das hepatites B e C;
- Tratamento medicamentoso dos pacientes com hepatite B e C;
- Prevenir e controlar doenças metabólicas, como a diabetes ou acúmulo de gordura no fígado;
- Evitar o consumo excessivo de álcool;
- Não usar esteroides anabolizantes;
- Manter o peso corporal recomendado;
- Estar atento à qualidade e armazenamento dos alimentos consumidos;
- Não fumar e evitar o tabagismo passivo.
Há cada vez mais evidências sugerindo que o consumo de café reduza as chances de desenvolvimento de câncer no fígado. Especialmente para portadores de doenças hepáticas, pode-se recomendar o consumo diário de café com este fim.
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Sintomas e diagnóstico da doença
Os sintomas do hepatocarcinoma não são muito específicos, podem ser leves e muitas vezes podem se confundir com os sintomas da própria cirrose. Algumas queixas comuns são dor abdominal, presença de massa abdominal, mal-estar, falta de apetite, sonolência, icterícia (cor amarelada na pele e nos olhos) e ascite (barriga d’água).
Para os pacientes sabidamente portadores de cirrose é fortemente recomendado o acompanhamento médico regular e a realização de exames periódicos de rastreamento. Por conta de sua rápida evolução, a detecção precoce do câncer de fígado é essencial.
Alguns dos principais exames que podem ajudar no diagnóstico são:
- Ultrassonografia;
- Tomografia computadorizada;
- Ressonância nuclear magnética;
- Biópsia hepática.
Como é o tratamento para hepatocarcinoma?
O hepatocarcinoma é um tumor de tratamento complexo e este deve ser realizado por um time de especialistas, que pode envolver: o hepatologista, cirurgião especialista em fígado, oncologista, radiologia intervencionista e outros. Uma das grandes dificuldades enfrentadas é que, geralmente, o paciente possui duas doenças graves simultaneamente, o carcinoma hepatocelular e a cirrose.
Para que se defina o melhor tratamento é necessário levar em conta fatores como o status do tumor (número de nódulos, tamanho, invasão vascular e extra hepática), o nível de funcionamento do fígado e condições clínicas gerais do paciente. Algumas modalidades de tratamentos disponíveis são:
- Hepatectomia (cirurgia para retirada do tumor);
- Transplante de fígado;
- Ablação;
- Quimioembolização;
- Quimioterapia e imunoterapia;
- Controle de sintomas e manifestações da doença.
A cirurgia para retirada do tumor e o transplante de fígado, juntamente com a radioablação, são os tratamentos que oferecem os melhores resultados, podendo em muitos casos se obter a cura da doença. De maneira geral, esses tratamentos são aplicáveis para pacientes que têm tumores em situação mais inicial. Daí a importância do diagnóstico precoce.
Em relação ao transplante de fígado existem critérios bastante rígidos para que o tratamento possa ser proposto para um portador de hepatocarcinoma. A grande vantagem deste é tratar de uma vez só o tumor e a cirrose. Por outro lado, trata-se de um procedimento de risco, portanto, o benefício deve ser claro.
A quimioembolização é uma modalidade de tratamento muito utilizada sendo indicada, principalmente, para pacientes que não são candidatos aos tratamentos cirúrgicos inicialmente. Pode ser empregada também para o controle do tumor enquanto se aguarda por um transplante de fígado.
Tratamentos sistêmicos, como quimioterapia e imunoterapia, também podem ser indicados a depender da situação da doença. Apenas em 2007 se teve comprovação da primeira droga com ação comprovada contra o hepatocarcinoma. A identificação de novas drogas foi também lenta, mas nos últimos anos mais medicamentos foram adicionados ao arsenal terapêutico.
Taxa de sobrevida
Como foi abordado, o hepatocarcinoma é um tumor maligno que se desenvolve rapidamente e de maneira agressiva. O diagnóstico em fases iniciais é fundamental para que se possa atingir bons resultados com o tratamento. Todo paciente portador de doença hepática crônica deve ser acompanhado regularmente por um médico especialista e exames de rastreamento devem ser realizados quando indicado.
Para saber mais sobre os tumores de fígado e entender melhor as particularidades do hepatocarcinoma, entre em contato e agende uma consulta com o Dr. Iron Pires.
Fontes:
Instituto Nacional do Câncer – Inca;
Sociedade Brasileira de Hepatologia.
EASL (Associação Europeia para estudo do fígado)